Datafolha: 82% das moradias são feitas sem arquitetos ou engenheiros – CAU/SP

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Datafolha: 82% das moradias são feitas sem arquitetos ou engenheiros

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30.05.2022

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Redação CAU/SP

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Datafolha: 82% das moradias são feitas sem arquitetos ou engenheiros

Desabamento em Paraisópolis
Em outubro de 2021, um imóvel desabou e atingiu mais seis casas, deixando uma pessoa morta e cinco feridas na comunidade de Paraisópolis na zona sul da cidade de São Paulo. Crédito: Reprodução.

Dentre 50 milhões de brasileiros que já fizeram obras de reformas ou construção, 82% não contrataram serviços de profissionais tecnicamente habilitados, arquitetos ou engenheiros.  São obras irregulares, sem registro de projeto e execução junto aos órgãos competentes.

A constatação é de pesquisa recém realizada pelo Instituto Datafolha com exclusividade para o Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Brasil.

A boa notícia é que o percentual diminuiu em relação a 2015, quando uma primeira pesquisa constatou ser de 85%.  Além disso, cada vez mais brasileiros estão contratando arquitetos e urbanistas.

Mestres de obras e pedreiros são a opção mais usada por quem constrói ou reforma no Brasil.  Trata-se de um caso clássico do “barato que sai caro”, conforme o CAU Brasil descobriu por meio de uma pesquisa qualitativa realizada também em 2015.

A grande maioria dos entrevistados disse que a experiência foi ruim, por uma série de problemas: planejamento (como dificuldade em orçar a obra), mão de obra (muitas vezes o serviço tem que ser refeito) e material desperdício de materiais.

A maioria considerável dos entrevistados em 2022 (84%) considera que problemas construtivos (falta de pisos ou forros, paredes rachadas, ausência de banheiro, muitas pessoas ocupando um mesmo cômodo) nas moradias configuram uma questão de saúde pública, como ficou evidente na epidemia da Covid-19.

O Brasil tem hoje 25 milhões de moradias precárias, segundo a Fundação João Pinheiro.

“Os números são preocupantes para a segurança e a saúde da população”, afirma a arquiteta e urbanista Nadia Somekh, presidente do CAU Brasil.

Ela lembra que tragédias como desabamento em abril de 2019 de dois prédios construídos irregularmente na comunidade de Muzema, no Rio de Janeiro, causando 24 mortes, também ressaltam o quadro grave existente por detrás dos percentuais mostrados pela pesquisa.

Em abril de 2021, dois prédios construídos irregularmente desabaram na comunidade de Muzema, no Rio de Janeiro, matando 24 pessoas.

De igual forma, as recentes tragédias de Petrópolis, com 233 mortes, e Franco da Rocha, com 32 mortes, não deixam de estar relacionadas ao quadro, em que pese outros fatores relevantes como a chuva excepcional, a falta de um planejamento urbano integrado e a negligência do poder público quanto à ocupação de morros.

“Fica evidente que a questão habitacional no Brasil não se resume apenas à construção de novas habitações ou a transformação de imóveis ociosos em moradias. O país precisa de uma solução de escala para a melhoria das habitações já existentes, especialmente nas periferias e bolsões de pobreza dos centros das cidades”, afirma a presidente do Conselho em artigo publicado pelo Portal do Estadão em 25 de maio de 2022.

A assistência técnica em habitação de interesse social (ATHIS), promovida pelo poder público, é o instrumento para disponibilizar os serviços dos arquitetos para a população de baixa renda, de forma gratuita, uma vez que o poder público remuneraria a elaboração de projetos de reformas e construções.

A ATHIS é prevista na Lei 11.888/2008, para famílias com renda até três salários-mínimos. O Orçamento da União prevê recursos para Prefeituras e Estados criarem programas ATHIS, mas a implementação no país não passa de 30 municípios.  A ampliação desse número é defendida em “Carta aos Pré-Candidatos nas Eleições de 2022”, elaborada pelo CAU Brasil e outras seis entidades de arquitetos e urbanistas.

Crescimento do mercado

Conforme a pesquisa Datafolha, uma parcela de 10% dos cidadãos ouvidos já utilizaram serviços de arquiteto e urbanista, um número mais de três pontos percentuais acima do auferido pela pesquisa de 2015 (dentro da margem de erro).

Na comparação com 2015, hoje menos pessoas fizeram obras ou reformas. Ou seja, o crescimento da contratação de arquitetos e urbanistas aconteceu em um mercado retraído.

Por que contratar um arquiteto e urbanista

Dentre as 10 milhões pessoas que contrataram os serviços de arquitetos e urbanistas, os principais motivos para a escolha foram: a experiência do profissional (65%), a relação custo-benefício (45%) e a indicação de amigos e parentes (39%).

Existe no país um grande potencial de crescimento da demanda por arquitetos e urbanistas. A pesquisa revelou que 73% da população considera um dia contratar serviços desses profissionais.

 

O índice de satisfação com os serviços de arquitetos e urbanistas é altíssimo: 84% dos entrevistados se disseram satisfeitos ou muito satisfeitos com o trabalho realizado. Esse número aumentou bastante em relação a 2015, quando o índice de satisfação era de 78%.

Principais características

A confiança e credibilidade dos arquitetos e urbanistas junto à população também aumentou. Do total de entrevistados, 69% deram notas de 8 a 10 para a atuação desses profissionais. Em 2015, esse índice era de 60% – uma diferença de nove pontos percentuais.

A população brasileira também compreende cada vez mais quais são as atribuições da profissão. Quase a totalidade dos entrevistados (96%) concorda que arquitetos e urbanistas são indispensáveis em obras e construções.

As principais características associadas à profissão são: conhecimento intensivo de tecnologia, criatividade, competência, visão de futuro e bom relacionamento com o cliente.

Metodologia da pesquisa

A pesquisa do Instituto Datafolha para o CAU Brasil entrevistou 2.495 homens e mulheres, economicamente ativos, com idade entre 18 e 75 anos, pertencente a todas as classes econômicas.

O levantamento foi feito com abordagem pessoal em pontos de fluxo populacional.

 

As entrevistas foram realizadas entre os dias 13 e 28 de janeiro de 2022. A pesquisa tem nível de confiança de 95% e margem de erro de dois pontos percentuais (para baixo ou para cima).

Publicado em 30/05/2022
Fonte: CAU/BR

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30.05.2022

Escrito por:

Redação CAU/SP

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