O CAU/SP esteve presente na cerimônia de abertura da I Conferência Nacional de Arquitetura e Urbanismo, realizada nessa terça-feira (dia 22), em Fortaleza. O evento, que vai até sexta-feira (dia 25), acontece simultaneamente ao XX Congresso Brasileiro de Arquitetos e debaterá o exercício da profissão, ética profissional, políticas públicas nacionais e regionais e diversos outros temas de interesse da Arquitetura e Urbanismo.

“Nessa Conferência, discutimos os rumos da Arquitetura e do Urbanismo, para onde o nosso Conselho deve ir e a importância da área em relação a sociedade e a valorização da nossa profissão. São discussões que refletem o surgimento do conselho e devem ser discutidos por todos”, destaca Afonso Celso Bueno Monteiro, presidente do CAU/SP, que veio para o evento com 36 conselheiros.

A Conferência foi aberta pelo presidente do CAU/BR, Haroldo Pinheiro, que lembrou os atores políticos envolvidos na edição da Lei 12.378, de 31 de dezembro de 2010, que regulamentou o exercício da profissão e criou o CAU. Além disso, Pinheiro destacou as principais atribuições que conferem independência aos Conselhos de todo o Brasil. “Em primeiro lugar, permitimos que cada estado tivesse seus próprios representantes e também criamos um fundo de apoio autônomo, para que eles permanecessem independentes. E, por último, batalhamos para que o Brasil tivesse a melhor qualidade no atendimento ao profissional”, analisou ele. E concluiu: “essas três decisões podem parecer administrativas, mas elas foram a alavanca que fez com que o CAU crescesse em todo o Brasil, levando dignidade e independência a todos os profissionais”.

Após homenagem aos presidentes das entidades nacionais de Arquitetura e Urbanismo à época da edição da lei, foi apresentado e aprovado o regimento interno da Conferência.  

A primeira mesa – presidida por Jeferson Salazar, presidente da Federação Nacional dos Arquitetos (FNA) e mediada por Cláudia Teresa Pereira Pires, conselheira federal (MG) – discutiu as relações entre o CAU, a sociedade e os desafios na construção de políticas públicas. Para debater o tema, foram convidados o jornalista Washington Novaes e a historiadora Maria Alice Rezende Pereira.

A historiadora iniciou sua exposição repudiando a Medida Provisória 630/13, que amplia os poderes do polêmico Regime Diferenciado de Contratação (RDC), transferindo para as empreiteiras o controle da cidade. “Isso é entregar o governo da cidade para alguém que não foi eleito para isso. A cidade, dessa forma, será prisioneira da lógica mercantil”, afirmou ela.

Pereira também discutiu a necessidade de políticas públicas para as regiões metropolitanas. “A ideia de problema público é construída por atores que se sentem afetados e se mobilizam pelos mesmos problemas. A cidade pode ser muito divertida se for compartilhada. Mas, por enquanto, ainda somos apenas observadores”.

Já Novaes salientou os problemas ambientais propiciados pela “lógica predatória” que se constrói as cidades. “Hoje, as zonas urbanas respondem por 50% das emissões de poluentes no mundo. E, nas próximas décadas, chegará a 70%”.

Balanço inicial

“Discutir o urbanismo é uma boa proposta. E esse é um tema muito importante para o estado São Paulo”, analisou a diretora técnica do CAU/SP, Márcia Mallet sobre o primeiro debate.

Já para o conselheiro José Renato Melhem essa primeira Conferência é de suma importância para os arquitetos e urbanista do país, pois debaterá temas vitais, como formação e valorização profissional. “É um momento histórico para a categoria, quando o Brasil inteiro se encontra para discutir temas importantes do CAU”, afirmou.

O diretor financeiro do CAU/SP, Éder Roberto da Silva, analisa que o evento serve para encerrar a fase inicial de implantação do CAU. “Esse momento serve como uma prestação de contas dessa primeira fase, ao mesmo tempo que aponta novos rumos de uma segunda fase, em que eu acredito que será de mais diálogo com a sociedade”.