Ciclo “Diálogos de Arquitetura e Urbanismo” fomenta discussão sobre o direito à cidade – CAU/SP

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Ciclo “Diálogos de Arquitetura e Urbanismo” fomenta discussão sobre o direito à cidade

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19.12.2019

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Redação CAU/SP

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Ciclo “Diálogos de Arquitetura e Urbanismo” fomenta discussão sobre o direito à cidade

O ciclo de palestras “Diálogos de Arquitetura e Urbanismo” teve início no dia 25/11, tendo como convidada principal a arquiteta e urbanista cabo-verdiana Patti Anahory, que apresentou a palestra “Perspectivas do Sul: lugares e identidades na Arquitetura e Urbanismo contemporâneos”.

Este evento foi organizado pelo CEAU-SP (Colegiado das Entidades Estaduais de Arquitetos e Urbanistas do CAU/SP) e fez parte da programação da “Semana de Arquitetura e Urbanismo do CAU/SP”.

Em sua apresentação, Anahory falou sobre a importância e os desafios da Arquitetura e Urbanismo na África do Sul como ferramenta para tornar as cidades mais democráticas.

“Nas discussões precisamos ir além, não ficar apenas no contexto acadêmico, comunitário ou da militância. É necessário intervir nas diferentes esferas sobre o que é a Arquitetura”, disse a palestrante para a plateia presente na sede do IABsp – Instituto de Arquitetos do Brasil – São Paulo, no centro da capital.

A geógrafa e militante social Elaine Mineira, moradora do bairro paulistano Cidade Tiradentes (zona leste), comparou a realidade do país africano à realidade brasileira e reclamou da insistência em se investir apenas nas regiões centrais em detrimento das regiões periféricas.

“Gostaria de visitar um espaço cultural ao lado da minha casa. Mas, para quem mora na periferia, essa opção é negada”.

A questão da valorização e da representatividade da população negra também foi levantada pela arquiteta e urbanista Gabriela Matos, da ONG Arquitetas Negras.

“É necessário ampliar e potencializar o acesso da população negra às universidades de Arquitetura e Urbanismo e também ao mercado de trabalho”, enfatizou. “Temos herança africana na nossa comida, na nossa música, mas não há referência à Arquitetura negra no Brasil”, afirmou.

Durante sua apresentação, Patti Anahory também fez uma breve apresentação de um projeto digital nas Redes Sociais liderado por ela, o “Errant_Praxxis”, classificado como um espaço independente e ativo de questionamento sobre as formas de atuação para e a partir do continente africano, suas ilhas, diáspora e imaginários.

A experiência de Barcelona

A vice-prefeita da cidade e secretária de Urbanismo, Mobilidade e Ecologia de Barcelona, Janet Sanz foi a palestrante da segunda noite de atividades, com a apresentação, “Cidades e o Comum: Barcelona, Belo Horizonte e São Paulo”, que tratou do projeto de recuperação da cidade espanhola para torna-la igualitária.

“O direito à cidade deve ser garantido a todos”, defendeu a vice-prefeita, que disse também que como o governante tem a obrigação de deixar o município em uma condição no mínimo igual a que encontrou ou ainda melhor.

“Fazer urbanismo é fazer política. O que priorizar, o que fazer, onde fazer e construir a cidade de outra maneira, mas para todo mundo”, disse, reforçando a ideia de maior investimento justamente em regiões mais carentes da cidade.  “Como em todos os lugares, há bairros onde se vive menos e bairros onde se vive mais. Mas, com políticas públicas, é possível por um fim a esse tipo de desigualdade”, garantiu Janet.

Para o urbanista e professor da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) Roberto Andrés, a ideia de que no Urbanismo há ganhadores e perdedores é realmente verdadeira. “Aqui, infelizmente, temos muitos perdedores”, desabafou o professor durante o debate realizado após a palestra da vice-prefeita.

Outra convidada para o debate, a jornalista e militante da ONG Ciclocidade – Associação dos Ciclistas Urbanos de São Paulo, Aline Cavalcanti, defendeu que um dos problemas da cidade de São Paulo é a falta de continuidade das políticas públicas.

“Há muitos planos, mas não se consegue levá-los adiante porque em São Paulo a gestão tem mudado a cada quatro anos”, relatou. Questionada se em Barcelona também há esse tipo de problema, Janet respondeu que não há garantia de que os novos gestores deem continuidade aos projetos do antigo governo. “É uma questão mesmo de bom senso”, disse a vice-prefeita.

Encontro premia universitários

O ciclo de atividades foi encerrado no sábado, dia 30/11, com a entrega do 3º Prêmio Rosa Kliass – Concurso Universitário Nacional de Paisagismo – promovido pela ABAP (Associação Brasileira de Arquitetos Paisagistas), com apoio do CAU/SP. O evento também discutiu o Trabalho Final de Graduação em Arquitetura e Urbano e o TFG em Arquitetura e Urbanismo e foi realizado no hotel Nobile Downtown, em São Paulo.

“A criação da ABAP há mais de quatro décadas foi um passo, sem dúvida alguma, importante para a consolidação desse relevante campo de atuação profissional em nosso país. Porém, a continuidade desse espaço conquistado só se tornará efetiva por meio de novas gerações de professores, pesquisadores e arquitetos paisagistas atuando em suas respectivas áreas”, destacou a arquiteta e urbanista Rosa Grena Kliass, que prestigiou a solenidade.

Luciana Schenk, presidente da ABAP, pontou os reveses que a profissão tem sofrido por meio de alterações da legislação, que estão reduzindo as atribuições dos profissionais da área: “Nós precisamos nos unir por meio das entidades”.

A manhã de sábado contou ainda com a palestra do arquiteto e urbanista Eduardo Barra, sobre “O papel da ilustração nos descobrimentos do Brasil”. “A imagem das mais diversas e remotas paisagens brasileiras foi construída em nossas mentes através das ilustrações dos naturalistas que passaram pelo Brasil no início do século XIX”, explicou. A apresentação contou com um vasto material dos desenhistas que acompanharam as expedições pelo interior do país.

O TGF como síntese do conhecimento

“O papel do TFG nos cursos de Arquitetura e Urbanismo no Brasil” foi o tema da palestra da arquiteta e urbanista Ana Góes Monteiro, presidente da ABEA (Associação Brasileira de Ensino de Arquitetura e Urbanismo). Ela defendeu que o TFG colabora na formação do aluno estabelecendo critérios claros de avaliação e atividades coletivas: “O TFG é a síntese do conhecimento dos alunos. Ele é um instrumento para o mercado e que também ajuda a retroalimentar o curso”.

No painel “Ensino e orientação de trabalhos em Arquitetura da paisagem”, a arquiteta Francine Sakata, coordenadora do prêmio Rosa Kliass, ressaltou a importância da distinção lembrando que o aluno só se forma uma vez: “o prêmio busca dar força para o aluno, professor e o projeto de paisagismo”.

Lúcia Veras, arquiteta e urbanista, apresentou a experiência desenvolvida pela Universidade Federal de Pernambuco no restauro dos jardins projetados por Roberto Burle Max, no Recife: “A maior inovação foi a introdução da paisagem em todas as oitos disciplinas do projeto, do primeiro ao quarto ano”.

Confira a lista dos trabalhos vencedores:

 

REGIÃO 1 – NO e CO

Vencedor(a): Amanda Mendonça Gomes Nogueira

O (In)visível Urbano – Requalificação Urbana e Ambiental do Córrego Palmito

Orientador: Antônio Fernando Banon Simon

Co-Orientador: Maria Ester de Souza

Pontifícia Universidade Católica de Goiás – PUC Goiás

 

REGIÃO 2 – NE

Vencedor(a): Vitória Alencar Farias

Parque Flora: um novo olhar para o bairro Santa Rosa – Teresina (PI)

Orientador: Karenina Cardoso Matos

Universidade Federal do Piauí – UFPI

 

Menção Honrosa: Sara de Sousa Nobre

Às Margens do Rio Cocó: Sistema de Espaços Livres nos bairros Boa Vista e Cajazeiras em Fortaleza – CE

Orientador: Camila Bandeira Cavalcante

Universidade de Fortaleza – UNIFOR

 

Menção Honrosa: Robson Brito Barbosa Filho

Um novo olhar para o parque da Lagoa Grande

Orientador: Nayara Cristina Amorim

Co-Orientador: Maria Aparecida José de Oliveira

Universidade Federal da Bahia – UFBA

 

REGIÃO 3 – ES, MG E RJ

Vencedor(a): Camila Abras de Souza

Requalificação do Jardim Botânico de Belo Horizonte – MG.

Orientador: Camila Marques Zyngier

Centro Universitário Metodista Izabela Hendrix

 

Menção Honrosa: Julia Fernandes Hachiya de Azevedo

Paisagens Inconstantes: Plano remediativo para áreas inundáveis em Belo Horizonte – MG

Orientador: Gabriel Nogueira Duarte

Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro – PUC Rio

 

Menção Honrosa: Vicente Gonçalves Gewehr

Agroparque em Goiabeiras

Orientador: Homero Penteado

Co-orientador: Karla Caser

Universidade Federal do Espírito Santo – UFES

 

REGIÃO 4 – SP

Vencedor: Ryller Chrystian de Andrade Veríssimo

Agri-culture 2050. Urban Farm e Urban Forest nos fundos de vale, um modelo possível de desenvolvimento e autossustentação do futuro.

Orientador: Lilian Massumie Nakashima

Universidade do Sagrado Coração – USC

 

Menção Honrosa: Felipe dos Santos

Praça dos Varais

Orientador: Vera Santana Luz

Pontifícia Universidade Católica de Campinas – PUC Campinas

 

Menção Honrosa: Adriano Alves da Silva

Sete Voltas – Requalificação do Parque Dom Pedro II

Orientador: Sergio Ricardo Lessa Ortiz

Centro Universitário Belas Artes de São Paulo

 

REGIÃO 5 – SUL

Vencedor: Sabrina Grifante

O espaço público como reaproximação – Requalificação do Parque do Salto na cidade de Salto Veloso, Santa Catarina

Orientador: Daniella Reche

Universidade Federal da Fronteira Sul – UFFS

Menção Honrosa: Alex Pontes de Albuquerque

Requalificação da paisagem urbana do Aeroporto Campo de Marte: Implantação de um parque de diversões e plano de ocupação de um complexo de lazer e turismo junto ao Anhembi, em São Paulo/SP. Transformações em uma paisagem urbana: O lazer e a diversão como instrumento de integração.

Orientador: Yumi Yamawaki

Universidade Federal Tecnológica do Paraná – UFTP

 

Menção Honrosa: Luiz Otávio Pires Santana

Parque Bom Retiro – um manifesto antimanicomial. Orientador: Andrei Mikhail Zaiatz Crestani

Pontifícia Universidade Católica do Paraná – PUC-PR

Publicado em 19/12/2019
Da Redação

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19.12.2019

Escrito por:

Redação CAU/SP

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